Falar sobre o perdão parece algo antiquado, cheiro a decadência ou vulgaridade, mas não é. O acto de perdoar é intemporal e um bem necessário. Perdoar é acima de tudo pessoal, interno, íntimo, que se completa ou não numa acção exteriorizada. A dificuldade em perdoar surge devido a muitos equívocos. Sim é verdade, perdoar não é fácil, é preciso empenho, humildade e dedicação nesse acto tão sublime. Fazemo-lo acima de tudo por nós e para nós, porque abre o caminho para a paz interna. O oposto a isso é estar em conflito, inquietação. Esbarramos muitas vezes na dificuldade de perdoar justificando com “eu tenho razão”, mas e de que serve estar com a razão quando esta não restitui a paz e tranquilidade mas serve apenas a um senhor: o orgulho ferido. Fica-se capturado em sentimentos pesados como mágoa, raiva e ressentimento. O perdão liberta estas emoções negativas restituindo a energia que estava encapsulada e bloqueada. A vida volta a fluir. Perdoar não significa ignorar as circunstâncias que originaram a situação danosa, nem tampouco, uma condescendência superficial, e menos ainda que tudo voltará a ser como antes. Nada voltará a ser como antes, e é preciso estar preparado para rupturas, e ainda assim perdoar… não uma, mas 70 X 7 (como sugere o Mestre), ou seja, tantas as vezes, quantas as necessárias. Nem sempre se consegue perdoar num acto único, é feito em pequenas doses, vários momentos, até se conseguir, finalmente libertar.